engraçada é a forma como você me olha agora. distante e incompleta, uma miragem do que já foi um dia. uma miragem pode ser a salvação no meio de um deserto, mas não no meio do mar...
o outro lado da moeda é sempre o que cai para baixo, pois é o que você não pode ver. e é justamente o que está encostando os lábios no concreto quente e miserável de todos os dias.
a moeda seria uma ótima miragem, um oásis, um violão cheio de notas tortas. mas teria que não ter lado nenhum para ser meramente parte da imaginação. se bem que só de ver um lado já pode ser real, mas novamente... incompleto.
o amor é como um demônio. te possui, te controla, faz coisas desesperadas. queima. mas os demônios nunca se enganam. enganam o outro. quando o amor começa a te enganar, deixou de ser amor para ser outra coisa...
dizem que o amor pode ser uma miragem, uma moeda, uma vida inteira.
escrevi todo o amor que tenho numa carta. e vou jogá-la dentro do mar, longe da areia, onde só há sal, inundação e horizonte. lá nenhuma miragem irá aparecer, porque não há espaço para isso. tudo já é lindo demais.
vou entrar dentro do barco, ir até o fundo e dar um mergulho. vou nadar de volta à orla, secar os pés e nunca mais encontrar aquela carta.
assim que tem que ser. as letras vão se desfazer, o papel vai ser o mar e o amor vai inverter suas letras e também se tornar parte da imensidão.
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