a incompreensão é de novo o signo mãe. estou cansada de repetir as notas do piano incansavelmente, de dançar um tango argentino na sua frente, de quase implorar com os olhos cheios de lágrima. acho que, no final das contas, não adianta. sempre fazemos o que queremos fazer e fingimos que adotamos o outro, dando uma ou outra concessão, mas sempre tudo igual.
sabe, eu poderia ter uma faca no pescoço agora, que você viria com os mesmos argumentos sérios e sóbrios sobre o que devo e o que não devo fazer. já estaria sangrando, e você continuaria falando, negando-se a se sujar com o pouco de sangue escorrendo. eu não imaginava o amor dessa forma. se é que isso é amor... continuar, apesar da dor do outro, o que machuca, porque é moralmente mais certo ou individualmente mais agradável.
eu acho que não quero essa angústia, um 'être seul dans ce domaine'. queria um abraço longo, daqueles que podem durar anos, um passar de mão nos olhos, no corpo, nos lábios, uns dizeres calmos e compreensíveis. não é o momento de me falar sobre como eu deveria me comportar agora. porque, sabe qual é a verdade? eu estou assim. e há algumas possibilidades para eu deixar de estar. na verdade, duas: uma com você e outra sem você. a segunda, eu posso garantir, é bem mais fácil.
chance atrás de chance. ainda não descobri para que tantas.
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